5.10.2007

Correspondente Capixaba

Somos Moleques, e moleques mesmo!

Poucos são os objetos artísticos que fazem nossas pernas tremerem e ultimamente todos os filmes, principalmente os filmes, que têm feito minhas pernas tremerem são latinos ou estão diretamente ligados à personalidade latina. Primeiro o Labirinto do Fauno, parceria hispano-chicana, com força e singeleza sobrenaturais. Na Cama, produção chilena não lançada no Espírito Santo, é um daqueles filmes para entrar na seleta galeria de obras como Antes do Por do Sol/Antes do Amanhecer e Encontros e Desencontros, simplesmente lindo. Filhos da Esperança, produção americana dirigida pelo já aclamado diretor mexicano Alfonso Cuarón, chega a dar náuseas e dor de cabeça de tão incômodo e impactante.

Com destreza de poucos, Cuarón nos leva a 2027 para imaginar um mundo destruído polos conflitos religiosos, étnicos e econômicos de nossa era. A trama, baseada no livro The Children of Men de J.D.James, se passa em uma Londres devastada pelas guerras atuais, xenófoba e infértil, por alguma razão desconhecida as mulheres deixaram de engravidar em 2008. A Inglatera trata os imigrantes de uma forma, digamos bastante fascista e tenta proteger ao máximo as riquezas que ainda restam. As semelhanças com V de Vingança são coincidências resultantes de observadores visionários como Alan Moore e P.D.

O filme retrata a saga de um homem, Clive Owen – em ótima interpretação – tentando salvar o que talvez seja a última esperança da humanidade. Clichê? Não! Mas deeixemos a saga, bem emocionante por sinal, para observarmos a forma crua e hiper-realista como os autores retratam o tal mundo dizimado.

Os movimentos sociais tão banalizados estão lá, o grafitti – nosso estêncil – colore com esperanças e maus-presságios a cinzenta Londres. Anarco/comunas cismam em salvar o mundo da maneira errada. O Estado, para ser considerado fascista só faltam representações públicas de amor à pátria e ao rei, a publicidade revigora o sentimento patriótico/populista/paternalista/míope da população, os grupos religiosos clamam pela vinda do novo messias. Eu poderia citar muito mais para ter as seguintes e sugestivas indagações:

Será que toda a nossa indiferença e conservadorismo não facilitarão esse promissor futuro? Aonde essa pseudo-pós-modernidade intelectual e desmobilizadora presente dentro da academia e reproduzida largamente pelos meios de comunicação nos levará?

Bem, essas perguntas talvez só sejam respondidas quando, não sei, daqui mais uns poucos anos de alienação, nossa geração provocar novamente o fechamento de algum Estado ou coisa parecida. Talvez seja preciso isso para podermos enxergar o quanto nós, aqui na nossa noz abafada chamada Vitória, vocês, estão agindo errado e que a culpa não é só do Bush filho. Bem, se isso não for motivo para fazer pernas tremerem então pronto, o caos está instaurado.

Haroldo Lima, Correspondente Pseudo-Capixaba.

4 comentários:

Anônimo disse...

não sei o que é pior. racionalismo crítico da ufrgs ou o pós-modernismo oba-oba da ufes. =T

Anônimo disse...

a pós-modernidade da ufes, claro.

Anônimo disse...

HAHAHAHA. ou não.

Anônimo disse...

HAHAHAHA. ou não.